segunda-feira, 20 de abril de 2009

Será que a criminalidade aumentou ao longo da última década?


Segundo o Relatório Anual de Segurança Interna – 2008, conclui-se que a criminalidade violenta e grave da última década no nosso país, tem sofrido um aumento ao longo dos anos. Contrariando essa subida estão os anos de 2005 e de 2007 em que ocorreu uma descida do índice de criminalidade violenta e grave, comparativamente com os anos anteriores. Em 2006 ocorreu o maior aumento da última década relativamente a este tipo de criminalidade, seguindo-se o passado ano de 2008.


Relativamente a criminalidade participada por grande categoria criminal, verificou-se que em 2008 os crimes contra o estado e os crimes previstos em legislação penal avulsa sofreram uma descida comparativamente a 2007. Por sua vez, os crimes contra as pessoas, os crimes contra a vida em sociedade e os crimes contra o património sofreram uma subida em relação a 2007.


Deste modo podemos concluir que o ano de 2008 não foi o ano pior da última década em termos de aumento da criminalidade em geral, tendo-se verificado uma boa prestação das entidades policiais no que diz respeito ao combate ao crime.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

"Ele amava-me de verdade!"


Maria (nome fictício) tem 28 anos é estudante universitária e conheceu de perto o peso que a violência pode ter nas relações entre os jovens de hoje. O ex-namorado de 26 anos agrediu-a, ameaçou-a com facas e estrangulou-a até perder os sentidos. Tudo por ciúmes, tudo por sentir que ela «era mulher de mais para ele».

Namoraram durante um ano e três meses, mas só ao fim de seis veio o primeiro empurrão. «Achei que tinha sido o momento. Era um empurrão e não ia passar disso. Mas depois as discussões foram mais frequentes. Bateu-me a sério pela primeira vez no dia dos namorados, ao fim de oito meses de namoro», confessou ao PortugalDiário.

Por trás da violência estavam motivos «fúteis» e ciúmes. «Coisas que ele imaginava, que só estavam na cabeça dele. Ou porque saía tarde das aulas ou porque achava que tinha estado com outros rapazes. Imaginava que eu tinha feito coisas e perdia a cabeça. Era como se eu fosse mulher de mais para ele e tinha medo de me perder», explicou.

Agressões que se tornaram «rotina». Maria não conseguia sair da relação: «o que mais me prendia era eu sentir que ele gostava muito de mim, que me amava de verdade. Quando ele voltava arrependido tínhamos momentos espectaculares. Caminhava ao meu lado a chorar e dizia que também lhe doía muito a ele. E eu vi-a que era verdade».

Maria percebeu com o passar do tempo que só havia duas soluções, ou o namorado procurava ajuda ou ela afastava-se. No entanto, quando tentava, o facto de morarem perto fazia com que ele a abordasse sempre e ela cedesse.

Tudo mudou na última vez que foi agredida. «Ele foi tão violento que fui para o hospital e fiquei internada. Foi quando percebi que ele não ia procurar ajuda e que tinha passado a haver só uma solução», contou.

Apresentou queixa à polícia e confessa que foi determinante. «Se não houvesse a queixa provavelmente teria cedido mais uma vez. Mas o processo deu-me força para me afastar nas poucas vezes que ele voltou a tentar chegar perto».

Maria conta a sua história porque quer alertar.


In
http://diario.iol.pt/noticias/agressao-violencia-mulheres-violencia-domestica/745625-291.html

Violência no namoro


O namoro está habitualmente associado a uma fase romântica da vida. No entanto, em Portugal, está também ligado, em muitos casos, à violência.

Engane-se quem pensa que a violência nas relações íntimas é coisa de casamento, com o homem a subjugar a mulher. As novas gerações provam o contrário e começam a agredir-se mutuamente já na adolescência. Chegam ao ponto de insultar, ameaçar e até esbofetear, o que constitui um alerta de risco para a violência marital.


Existe tanta violência no namoro como no casamento: 25% dos jovens já foram vítimas. Os mais novos começam a agredir-se cada vez mais cedo. E o maior problema, é que a maioria encara com normalidade que dois namorados se agridam. O que acontece é que os adolescentes, embora reprovem a violência em abstracto, depois encontram justificações e desculpam a violência em situações específicas, como os ciúmes ou a infidelidade.

Por violência não se entende apenas murros e pontapés. “A violência mais comum é a emocional (insultos, humilhações, ameaças, tentativas de controlo) e a pequena violência física (bofetadas, empurrões)”.

No namoro as agressões são mútuas e a vítima interpreta esses actos "erradamente" como sendo de ciúme, minimizando o episódio, e crê que, com o casamento, as coisas vão mudar. Mas isso nem sempre é verdade e geralmente, a violência intensifica-se.

Algumas mulheres acabam por sofrer tanto como as que já estão casadas, diferenciando-se apenas pela inexistência do vínculo do matrimónio e de filhos. Mas a ocorrência da violência no namoro deveria representar "um sinal de alarme" para as mulheres.

Tal como no casamento, também no namoro "o medo da mulher é um aliado do agressor". O receio de perseguições e retaliações acaba por levá-la a render-se ao domínio do namorado, o que muitas vezes a impede de reagir mais cedo.